Elas Entendem

Os anos 1920, que deram o tom para o verão 2012 de Ralph Lauren, apareceram de novo no desfile de Marc Jacobs. Os anos 1930 também. E um pouco dos 1960, assim como algo dos 1950 e até aquela onda meio space-cowboy dos anos 1990, com direito até a vestidos-camisola. Além disso, ainda havia referências às performances do icônico dançarino e coreógrafo americano Bob Fosse (a passarela tinha uma espécie de palco onde as modelos ficavam esperando sua entrada quase que deitadas em cadeiras de madeira), e ao tema esportivo desta temporada, à Miuccia Prada e ao próprio universo criativo de Jacobs. Fechando a semana de moda de Nova York em grande estilo, Marc Jacobs não desapontou as altas e acumuladas expectativas pela nova data de seu desfile e também por conta da sua possível e provável mudança para Dior. Seu verão 2012 foi a mais pura prova de toda sua genialidade e sensibilidade para os atuais climas que influenciam as diversas searas de nossas vidas. E daí vem um pouco da loucura dos anos 1920, com seus vestidos alongados sempre abaixo do joelho, silhueta afastada do corpo, mas aqui num mix quase que indissociável entre tecidos naturais e sintéticos. Além disso, algumas barras vinham encurtadas por drapeados de aparência amarrotada que pareciam querer revelar as pernas e coxas de forma ingenuamente sensual. Dos anos 1960, a vontade de ser comportada, mas com tudo meio fora do lugar, combinações de cores e materiais inusitados, estranhos até, meias coloridas aparecendo entre sapatos. Vem daí também o leve toque futurista dos tecidos plastificados e brilhantes. De Bob Fosse e suas danças, viu-se um clima meio sulista americano, que há tempos vem permeando a moda, evidenciando uma certa vontade por coisas, assim, um pouco mais mundanas e comuns (normalmente desprezadas por uma postura elitista da moda). E ainda aparecem peças esportivas, tipo moletons, saias comportadinhas de couro falso de crocodilo, turbantes, sapatos clássicos, outros mais esportivos e até botas de cowboy plastificadas (já pode colocar na lista de desejo?). Mas a grande sacada de tudo isso é a mistura, supercontrolada e fazendo total sentido, que sai desse liquidificadoido de referências. De uma maneira quase esquizofrênica, Marc Jacobs mixa tudo de um jeito tão atual, tão relevante, que se torna quase impossível (às vezes até irrelevante) identificar a origem de cada elemento. Em tempos de geração remix, reapropriações de ideias e reciclagens constantes, seu verão 2012 traduz perfeitamente tais conceitos.